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Pano di Pinti – Tecendo a vida na Guiné-Bissau

Na Guiné-Bissau os panos assumem um papel fundamental de onde se revela uma cultura ancestral. O povo Manjaco, de entre as várias etnias da Guiné-Bissau, mantém o legado do “pano di pinti” ou pano de pente, sendo o pente um instrumento similar ao tear. Segundo o povo Manjaco a capacidade de tecer os panos é um dom facultado através do mundo dos espíritos. Algumas pessoas têm visões de como proceder e que figuras tecer nos panos. E assim como a capacidade de tecer os panos é uma faculdade especial também a utilização destes panos está reservada para momentos fulcrais na vida das pessoas tais como cerimónias relacionadas com o nascimento, a maturidade, o casamento ou a morte.

O “panu di pinti” (pano de pente) é feito num tear, de forma artesanal, e tem um valor inestimável na comunidade guineense. Até aos dias de hoje, continua sendo considerado um dos símbolos culturais e tradicionais do país.

Apesar da sua origem situar-se na etnia manjaca (povo manjaku) que vive maioritariamente na região costeira de Cacheu, plantada no norte de Bissau, a fama do pano de pente foi-se espalhando por quase todo o território. Nos dias que correm, é muito comum verem-se mercados tradicionais guineenses pintados com as suas tonalidades, conquistando a atenção de cada turista.

A arte de tecer o pano de pente

O processo de obtenção dos vários metros de pano de pente é inteiramente manual. Chega a ser considerado um trabalho lento e minucioso, colecionando já diversas gerações de tecelões. Com a ajuda de um tear (ou pente, como os guineenses o denominam), todo o corpo se dedica a aperfeiçoar a técnica exigente de entrelaçar fios. Numa coordenação motora exímia, fazendo uso dos membros bem treinados (mãos e dos pés), os motivos coloridos são criados.

De uma forma geral, cada peça tecida é única e é encarada como uma obra de arte, capaz de expressar a identidade cultural do povo guineense.

“Panus di pinti” encontra-se a venda nos mercados tradicionais de Bissau. De acordo com as investigações, em determinadas etnias, nas cerimónias de casamento — nas oficiais e nas tradicionais — é dado de presente, como símbolo de prosperidade e proteção. Nas festividades fúnebres, antes do enterro, é colocado junto do corpo do defunto — também pode servir de mortalha (“mortadja”). O prestígio e riqueza passam a ser medidos consoante o número de panos dispostos. Além destas, também é, por exemplo, exibido em festejos de nascimento (de um filho ou neto).

Nestes 10 minutos audiovisuais, o espectador poderá ter uma experiência abstrata promovida pela geometria dos panos e da música da guiné, os ciclos rítmicos dos cantares tradicionais, a respiração do tecelão que nos explica os curandeiros e tecelões que seguram a vida do povo manjaco, tecendo e curando, curando e tecendo, tecendo e curando.